Iniciando a vida no Canadá aos 40 (ou próximo dele)

Quem me acompanha nas redes sociais deve ter visto que falei sobre este tema lá nos últimos dias. A Kitty Avelino, do perfil Kitty no Canada compartilhou uma lista de perfis no Instagram, de pessoas que imigraram para o Canadá aos 40 anos, ou próximo dele.

Quem é leitor do blog Vivendo em Hamilton desde o início, sabe que cheguei aqui como estudante de College. Na época, estava prestes a completar 36 anos. Admito que embarcar num processo de mudança assim tão radical quando não se é mais tão jovem, requer uma enorme dose de coragem, principalmente para aqueles que já têm uma certa estabilidade em suas carreiras profissionais.

Dos 36 aos 39 anos, o momento foi de recomeço. Iniciei os estudos, arrumei um emprego, fiz o possível e o impossível para conciliar as duas coisas, concluí o curso, fui efetivado no trabalho. Falando assim, nem parece que foram tantas coisas em um intervalo tão curto de tempo. E foi curto mesmo. Minha intenção nunca foi correr para conseguir a tão sonhada residência permanente. Eu não tinha pressa, embora soubesse que eu precisava dar entrada na documentação antes de completar 40 anos. Mas esses 3 anos passaram rápido demais, e quando percebi, era hora de dar entrada e eu não podia esperar mais.

O final da história já é conhecido por vocês que me acompanham. Ainda aos 39 anos eu finalmente consegui fazer o meu landing como residente permanente aqui no Canadá, mas creio que o motivo que trouxe muitos de vocês a lerem esse post, foi saber um pouco mais de como foi iniciar a vida em outro país, tão perto de completar 40 anos.

Se eu nunca comentei por aqui antes, eu cheguei no Canadá morrendo de medo de voltar a estudar, principalmente sabendo que eu seria o “tiozinho” da turma. Isso, somado ao fato de estudar em um idioma que não era o meu, me dava um frio na barriga tão grande que me peguei pensando várias vezes se estava fazendo a coisa certa.

Acontece que eu não fui o mais “tiozinho” da classe. Pelo menos não sozinho. Tinham outras pessoas na mesma faixa etária e algumas até mais velhas. E todas estavam ali pelo mesmo motivo: estavam recomeçando também. E sabe o que fizemos? Ralamos, perdemos noites de sono, estudamos durante o verão enquanto todo mundo estava lá fora curtindo e, no final, concluí o curso com meu nome sendo chamado seguido da palavra “honours” no dia da formatura. Sim, o tiozinho com sotaque carregado, que morria de medo de ter que falar na sala de aula, conseguiu se formar com uma nota alta, enquanto dividia o seu tempo entre aulas e trabalho.

Falando em trabalho, essa foi uma outra aventura que tive que embarcar. Fui agraciado pelo fato de estar no local certo na hora certa, e consegui o meu emprego, que aliás estou até hoje, quando tinha pouco mais de 1 mês aqui no Canadá. E de lá para cá, tenho trabalhado com um grupo de pessoas, em sua maioria, na faixa dos 25 e 30 e poucos anos, e tenho aprendido bastante com eles. Também não sou o tiozinho do escritório, mas a minha experiência profissional (e de vida) contribuiu bastante para a minha trajetória na empresa nesses quase 5 anos que estou por lá. Não vou dizer que sempre foi fácil, porque estaria mentindo. Aprender inglês depois de uma certa idade é, sem dúvida, a parte mais difícil deste processo. E, com isso, aprender a se desenvolver no trabalho falando um idioma que não é o nosso, é bem frustrante algumas vezes. Me pego pensando, em diversas situações, que seria tão mais fácil explicar em português algumas coisas que tenho que falar durante o meu trabalho. Ah como seria!!! Mas não é assim. E eu sabia que recomeçar a vida, independentemente da idade, não seria fácil mesmo, então encaro o idioma como um desafio, e não como um inimigo.

Mas cheguei aqui ao ponto em que queria chegar com esse post. Para vocês que estão na casa dos 40 anos, o inglês precisa ser o seu melhor aliado para conquistar a residência permanente. Você precisa tirar uma excelente nota na prova de proficiência, e isso aumentará exponencialmente as suas chances de ser chamado logo que der entrada no processo de imigração. Prepare-se muito para o exame. Se preciso, conte com a ajuda de um professor especializado (me mande uma mensagem no Instagram, que eu te indico um, caso esteja procurando).

Depois que me apresentei no Instagram como alguém que conseguiu imigrar próximo dos 40, recebi inúmeras mensagens de pessoas que já estavam sem esperança, e que agora voltaram a sonhar. Pois bem, se você é uma delas, não deixe que a idade te vença. Melhore a sua pontuação no inglês, faça uma nova faculdade, se preciso for. A vida fora do seu país não será fácil, então já comece a se preparar para os obstáculos enquanto ainda está aí, próximo da sua família. Se aumentar a nota no inglês vai demandar de você mais tempo do que você gostaria, aproveite esse tempo. Não venha antes da hora. Você não quer vir aqui para sofrer, então faça ainda no Brasil essa parte mais difícil.

Dizem que a vida começa aos 40. Para quem chega por aqui perto dessa idade, tenho que concordar que a frase é verdadeira. Boa sorte a todos que estão nessa luta. Desejo que o resultado final seja positivo.

Mas e vocês que estão lendo esse post até o fim, com qual idade vieram (ou virão) para o Canadá? Respondam aqui para mim nos comentários.

Um abraço a todos e até a próxima!!!

11 comentários

  1. Parabéns pelos seus posts maravilhosos . Vc realmente consegue explicar com muita clareza, tomando cuidado com sentimentos e palavras para todos que vão ler.
    Migramos em novembro , eu com 42 e meu marido 41.

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    • Obrigado pelo comentário, Beatriz. Há tempos planejava escrever este post, e como o assunto começou lá nas redes sociais, achei interessante trazer para cá de uma forma mais reflexiva. Boa sorte para vocês no seu processo. Curtam tudo o que puderem no Brasil, pois novembro está logo aí!!!

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      • Oii, tenho te acompanhado recentemente aqui e no Insta, eu 41 recém feitos e marido, 38. vamos ano que vem 🙂 obrigada por dividir conosco a sua história e nos encorajar de longe. 🙂

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  2. Parabéns pelos posts esclarecedores! Para que meus filhos possam estudar aí, pretendo fazer um college de três anos, trabalhar por um período igual e conseguir o PR. Tudo isso aos … 55 !!
    Será que contratam recém formados com essa idade?

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    • Olá Paulo, agradeço pela mensagem, e já estou desde já torcendo para seu plano se concretizar. Estudei com pessoas mais velhas que eu e acredito que eles estão no mercado de trabalho sim. Sinto que aqui existe um preconceito menor em relação à idade. As pessoas, em geral, trabalham até bem tarde, e continuam depois de se aposentarem também. Em qual área pretende estudar?

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      • Olá, Reinaldo! Obrigado por despender tempo com o meu questionamento. Devo enveredar por arquitetura ou business, em Hamilton, Kitchener ou London. É o plano inicial.

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    • Olá Kathleen, agradeço pelo comentário no post. O primeiro passo para o processo é muita pesquisa. É importante ler o site do governo canadense e tentar tirar todas a dúvidas por lá. O planejamento é a parte mais importante do processo. Não usei nenhuma consultoria, porque optei por pesquisar tudo sozinho, mas para quem está se sentindo meio perdido, uma consultoria pode ser a solução.

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  3. Sou servidor público efetivo do estado de Mato Grosso. Minha companheira e eu desejamos imigrar para o Canadá. Voltei a fazer o inglês e ela após ter a nossa primeira filha irá iniciar o inglês. Nosso foco é imigrar daqui já direto. Então é se esforçar muito no inglês e planejar o financeiro. Estamos muito animados, mas me dá um frio na barriga, pensar em deixar meu cargo. Entretanto, tenho férias acumuladas, licença prêmio e posso solicitar afastamento por dois anos sem remuneração, ou seja, indo teria mais 2 anos e meio com o cargo assegurado. O período de 2 anos seria um tempo razoável para se “firmar” por aí? Pensamos em viver em Burnaby.

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    • Olá Paulo,
      Primeiramente muito obrigado pela mensagem. Seja bem vindo por aqui no Blog. Espero que os posts disponíveis e os futuros te ajudem aí no seu planejamento.
      Quando você chega aqui já com o status de imigrante, a única coisa que facilita é o fato de você não ter que pagar um college, que é algo que consome praticamente toda a sua economia aí do Brasil. Tirando isso, o início da vida por aqui é difícil para todos, independente do status que cada um vem. Costumo dizer que os dois primeiros anos funcionam como um “pedágio”, e a gente só vê o dinheiro indo embora e nada entrando. Depois desses dois anos senti que a vida começou a progredir.
      O ideal, na minha opinião, é mesmo vir com um nível de inglês que te dê autonomia e a possibilidade de conseguir melhores oportunidades. Se vocês vem com criança pequena, sua esposa provavelmente não poderá trabalhar logo que chegar, pois as despesas com day care são bem altas. Assim, programe-se para ser a única renda da casa, e isso é bem limitante no começo.
      Com muito planejamento, as chances de conseguir encontrar aqui o que você sai do Brasil buscando, aumentam bastante. Boa sorte aí para você nesse planejamento então. Abraços, Reinaldo

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